Saltar para o conteúdo

Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/206

Wikisource, a biblioteca livre
202
notas


SONETO


Morreu Bocage, sepultou-se em Gôa!
Chorai, moças venaes, chorai, pedantes,
O insulso estragador dos consoantes.
Que tantos tempos aturdiu Lisboa!

Por aventuras mil obteve a c′rôa
Que a fronte cinge dos heroes andantes;
Inda veio de climas tão distantes
Á toa vegetar, versar á toa:

Este que vês, com olhos macerados,
Não é Bocage, não, rei dos bregeiros.
São apenas seus olhos descarnados:

Fugiu do cemiterio aos companheiros;
Anda agora purgando seus peccados
Glosando aos cagaçaes pelos outeiros.


SONETO


Esqueleto animal, cara de fome,
De Timão, e chapeu á hollandeza,
Olhos espantadiços, bocca acceza,
D′onde o fumo, que sáe, a todos sóme: