epistola a marilia
I
Pavorosa illusão da Eternidade,
Terror dos vivos, carcere dos mortos;
D’almas vãs sonho vão, chamado inferno;
Systema da politica oppressora,
Freio, que a mão dos despotas, dos bonzos
Forjou para a boçal credulidade:
Dogma funesto, que o remorso arreigas
Nos ternos corações, e a paz lhe arrancas:
Dogma funesto, detestavel crença,
Que envenenas delicias innocentes!
Taes como aquellas que no céo se fingem:
Furias, Cerastes, Dragos, Centimanos,
Perpetua escuridão, perpetua chamma,
Incompativeis producções do engano,
Do sempiterno horror horrivel quadro,
(Só terrivel aos olhos da ignorancia)