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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/45

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A dar soccorro ao pallido indigente,
A pôr limite ás lagrimas do afflicto,
E a remir a innocencia consternada,
Quanto nos debeis, magoados pulsos
Lhe roxêa o vergão de vís algemas:
Natureza, e razão jámais approvam
O abuso das paixões, aquella insania,
Que pondo os homens ao nivel dos brutos,
Os infama, os deslustra, os desacorda.
Quando aos nossos eguaes, quando uns aos outros
Traçâmos fero damno, injustos males
Em nossos corações, em nossas mentes,
És, oh remorso, o precursor do crime,
O castigo nos dás antes da culpa,
Que só na execução do crime existe,
Pois não pode evitar-se o pensamento,
E é innocente a mão, que se arrepende.
Não vem só d’um principio acções oppostas:
Taes dimanam de um Deus, taes do exemplo,
Ou do cego furor, moleslia d’alma.


IV


Crê pois, meu doce bem, meu doce encanto,
Que te anceam phantasticos terrores,
Prégados pelo ardil, pelo interesse.
Só de infestos mortaes na voz, na astucia
A bem da tyrannia está o inferno.
Esse, que pintam barathro de angustias,
Seria o galardão, seria o premio