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Feliz ou infeliz, triste ou contente,
Livre o poeta seja,
E em hymno isento a inspiração transforme,
Que na sua alma adeja.


II.


No despontar da vida, do infortunio
Murchou-me o sopro ardente;
E saudades curti em longes terras
Da minha terra ausente.
O solo do desterro, ai, quanto ingrato
É para o foragido,
Ennevoado o céu, arido o prado,
O rio adormecido!
Eu lá chorei, na idade da esperaça,
Da patria a dura sorte:
Esta alma encaneceu; e antes de tempo
Ergueu hymnos á morte:
Que a morte é para o misero risonha,
Sancta da campa a imagem...
Alli é que se afferra o porto amigo,
Depois de ardua viagem.