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Modulando o Nebel, via-se o vate
Nos derribados porticos, abrigo
Do immundo stellio e gemedora poupa,
Extasiado — e a lua scintillando
Na sua calva fronte, onde pesavam
Annos e annos de dôr. Ao venerando
Nas encovadas faces fundos regos
Tinham aberto as lagrymas. Ao longe,
Nas margens do Kedron, a ran grasnando
Quebrava a paz dos tumulos. Que tumulo
Era Sião! — o vasto cemiterio
Dos fortes de Israel. Mais venturosos
Que seus irmãos, morreram pela patria;
A patria os sepultou dentro em seu seio.
Elles, em Babylonia, aos punhos ferros,
Passam de escravos miseranda vida,
Que Deus pesou seus crimes, e, ao pesa-los,
A dextra lhe vergou. Não mais no templo
A nuvem repousára, e os céus de bronze
Dos prophetas aos rogos se amostravam.
O vate de Anathot a voz soltára
Entre o povo infiel, de Eloha em nome:
Ameaças, promessas, tudo inutil;
De bronze os corações não se dobraram.
Vibrou-se a maldicção. Bem como um sonho