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Cheio de angustia o pastor,
    Por seu rebanho temendo,
    Por terra se arremessou
    Aos pés do conde, tremendo.

―«Deixae meu pobre rebanho;
    Senhor, tende dó de mi:
    De muitas tristes viuvas
    O gado retouça aqui.

Cada qual das pobrezinhas
    Tem das rezes uma só:
    Eis toda a sua riqueza:
    Senhor, tende dellas dó.»―

Da direita o cavalleiro
    O conde amoestou então:
    Cortezes eram seus dictos,
    Cortezes e de razão:

Mas a maldade do conde
    Sempre atiçava o da esquerda,
    E elle, o bom ludibriando,
    Corria á ultima perda.

―«Cão! A mim oppôr-te queres?
    As contas vou-te eu fazer.
    Quem me déra entre essas vaccas
    Comtigo as taes velhas ver;