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Onde o lyrio e a cecem nos prados tinham
Crescimento espontaneo entre as roseiras,
Hoje, campo de lagrymas, só cria
Humilde musgo de escalvados cerros.


XXIII.


Ide vós a Mambré. — Lá, bem no meio
De um valle, outr’ora de verdura ameno,
Erguia-se um carvalho magestoso.
Debaixo de seus ramos largos dias
Abrahão repousou. Na primavera
Vinham os moços adornar-lhe o tronco
De capellas cheirosas de boninas,
E coreias gentis traçar-lhe em roda.
Nasceu com o orbe a planta veneravel,
Viu passar gerações, julgou seu dia
Final fosse o do mundo, e quando airosa
Por entre as densas nuvens se elevava,
Mandou o Nume aos aquilões rugissem,
Ei-la por terra! As folhas, pouco a pouco,
Murcharam-se cahindo, e o rei dos bosques
Serviu de pasto aos tragadores vermes.
Deus estendeu a mão: — no mesmo instante
A vinha se mirrou: juncto aos ribeiros