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De sobre si, o fundo deste valle
Te vai servir de tumulo; e os carvalhos
Do mundo primogenitos, e os sobros,
Arrastados por ti lá da collina,
Comtigo hão-de jazer. De novo a terra
Te cubrirá o dorso sinuoso:
Outra vez sobre ti nascendo os lyrios,
Do seu puro candor hão-de adornar-te;
E tu, ora medonho e nú e triste,
Ainda bello serás, vestido e alegre.


VII.


Mais que o homem feliz! — Quando eu no valle
Dos tumulos cahir; quando uma pedra
Os ossos me esconder, se me fôr dada,
Não mais reviverei; não mais meus olhos
Verão, ao pôr-se, o sol em dia estivo,
Se em turbilhões de purpura, que ondeiam
Pelo extremo dos céus sobre o occidente,
Vai provar que um Deus ha a estranhos povos
E além das ondas trémulo sumir-se;
Nem, quando, lá do cimo das montanhas,
Com torrentes de luz inunda as veigas:
Não mais verei o refulgir da lua