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Numen de sancto amor, mulher querida,
Anjo do céu, encanto da existencia,
Ora por mim a Deus, que ha-de escutar-te.
Por ti me salve a mão da Providencia.

Vem: aperta-me a dextra... Oh, foge, foge!
Um beijo ardente aos labios teus voára:
E neste beijo venenoso a morte
Talvez este infeliz só te entregára!

Se eu podesse viver... como teus dias
Cercaria de amor suave e puro!
Como te fôra placido o presente;
Quanto risonho o aspecto do futuro!

Porém, medonho espectro ante meus olhos,
Como sombra infernal perpetuo ondeia,
Bradando-me que vai partir-se o fio
Com que da minha vida se urde a teia.

Entregue á seducção em quanto eu durmo,
No turbilhão do mundo hei-de deixar-te!
Quem velará por ti, pomba innocente?
Quem do perjurio poderá salvar-te?