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Página:Primeiras trovas burlescas de Getulino (1904).djvu/191

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Que as urnas são de luz fóco invencivel,
Que essa luz offuscar não é possivel,
Que é luz da liberdade, radiante,
Que verbera nas faces do Atlante,
A luz que faz premer as tyrannias,
A luz que ha de abrazar as monarchias ...
Isso foi na Beócia, n’outra liça,
Onde os cães se amarravam com linguiça.
Hoje em dia si o Rei não manda nada,
E’ porque lhe convem tal mascarada;
Faz de tôlo, e mais tôlo é quem o crê,
Que o dôlo na cilada não prevê:
—“Quem se fia em cachorro que não late
"Na contenda se encontra sem rebate.,,—

Isto posto, concluo, sem detença,
N'este cazo lavrando esta sentença:
—O perfeito monarcha é absoluto,
Obrando sempre ás claras, como bruto;
Porque a fera da hyrcania conhecida
Transforma a gente incauta em precavida;
E, segura, só fere impunemente,
Emboscada nas margens, a serpente.

(Publicada no n. 6 do Polichinello, de 21 de Maio de 1876)