Página:Primeiras trovas burlescas de Getulino (1904).djvu/64

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Eis troam, rugem na rotunda pansa
Trovoens soturnos, sibilantes ventos,
Farpados rayos coruscantes ardem
Na cava estreita, em barrigaes tormentos!

Tomou aquella, por debique ou luxo.
Das taes pirúlas seis massitos — só!
Da pansa em fóra descretou bramindo
Maçada horrenda, ventania e pó!

E de improviso, por mysterio occulto,
Ou previdencia do remedio sancto,
Sentiu crescer-lhe a barrigaça a velha —
Um filho teve por fatal encanto!

Lá mais dous casos de eternal memoria
Um velho rengo, uma viuva annosa;
Purgado aquelle se transforma em joven,
A velha em moça virginal, formosa!

Silencio, oh povos! que lá vem milagre,
Repiquem sinos badalar tem-tem!
Attentos mirem da gazeta o caso;
— Lá parem veihas de janeiros cem!

Estende as azas, oh Galeno herculeo,
Adeja em tomo da virente Clio;
Despreza os parvos, a sandice estulta,
Berrar de sapos e da inveja o pio.

Em throuo calhandral erguido aos ares,
Entre nuvens de incenso purgantino,
Recebe as ovaçõens da gente enferma,
Nas salvas do ribombo tibertino.

Exulta, oh Paulicéa, a fronte eleva,
Sorri da Grecia e de Esculapio estulto