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Página:Queixumes do Pastor Elmano.djvu/5

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Doce nó de Amizade os dois unia,
Concorrendo a Razão, e a Sympathia
Para tão bella, e placida Alliança.
Notando, pois, a fúnebre mudança,
Que no aspecto do Amigo apparecia,
Assim Francino a causa lhe inquiria:

FRANCINO.


Que tens, Elmano? Que fatal desgosto
Banha de tristes lagrimas teu rosto?
Tu, que, ainda ha brevissimos instantes,
Te acclamavas feliz entre os Amantes,
Logrando mil carinhos, mil favores
De Urselina gentil, dos teus Amores,
Vens tão choroso, tão afflicto agora!
Ah! Conta-me a paixão, que te devora,
Das ancias tuas o motivo explica:
Communicado o mal, mais brando fica.

ELMANO.


Ai de mim! Venho louco, estou perdido.
Oh peito ingrato! Coração fingido!
Oh deshumana, oh barbara Pastora!
Fementida Mulher enganadora!
E tiveste valor para a mais fêa
Traição, que póde conceber a idéa?