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QUINCAS BORBA
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com ella. Conclui que terá tido paixão pela moça; mas pôde ser alguma cousa mais. Falia delia com tal intimidade, Sophia para aqui, Sophia para alli... Desculpe-me, mas eu creio que os dois se amaram... — Oh! não! — D. Fernanda, creio que se amaram. Que admira? Eu mal a conheço; a senhora parece que não a conhece ha muito tempo, nem viveu na intimidade delia. Pôde ser que se tivessem amado, e que alguma paixão violenta... Supponhamos que ella o mandasse pôr fora de casa... É verdade que tem a mania das grandezas; mas tudo se pôde juntar... D. Fernanda não olhava para elle, vexada de lhe ouvir aquella supposição; evitava discutil-a pelo melindre do assumpto. Achava a suspeita sem fundamento, absurda, inverosimil; não chegaria a crer naquelle amor espúrio, ainda que o ouvisse ao próprio Bubião. Um desvairado, em summa. Quando o não fosse, é ainda provável que lhe não desse fé. Sim, não lhe daria fé. Não podia crer que Sophia houvesse amado aquelle homem, não por elle, mas por ella, tão correcta e pura. Era impossível. Quiz defendel-a; mas, apezar da intimidade do Dr. Falcão, recuou segunda vez do assumpto, e repetiu a pergunta de ha pouco: