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— Que cachorro? tornou Rubião cada vez mais pallido. O que lhe mandei. Pois não se lembra que lhe mandei um cachorro para ficar aqui alguns dias, descançando, a ver se... em summa, um animal de muita estimação. Não é meu. Veiu para... Mas não se lembra?

— Ah ! não me falle nesse bicho! respondeu ella precipitando as palavras.

Era pequena, tremia por qualquer cousa, e quando se apaixonava, engrossavam-lhe as veias do pescoço. Repetiu que lhe não fallasse do bicho.

— Mas que lhe fez elle, sinhá comadre?

— Que me fez? Que é que me faria o pobre animal? Não come nada, não bebe, chora que parece gente, e anda só com o olho para fóra, a ver se foge.

Rubião respirou. Ella continuou a dizer os enfadamentos do cachorro; elle ancioso, queria vel-o.

— Está lá no fundo, no cercado grande; está sosinho para que os outros não bulam com elle. Mas o compadre vem buscal-o? Não foi isso o que disseram. Pareceu-me ouvir que era para mím, que era dado.

— Daria cinco ou seis, se pudesse, respondeu Rubião. Este não posso; sou apenas depositario. Mas deixe estar, prometto-lhe um filho. Creia que o recado veiu torto.