em tal idade. Tio Zeca é que nos tirava do espetáculo industrial ou natural. — Andem, dizia ele em voz sumida. E nós andávamos, até que outra curiosidade nos fazia deter o passo. Entretanto, o principal era a festa que nos esperava em casa.
— Não creio que sejam anos de tio Zeca, disse-me Felícia.
— Por quê?
— Parece meio triste.
— Triste, não, parece carrancudo.
— Ou carrancudo. Quem faz anos tem a cara alegre.
— Então serão anos de meu padrinho...
— Ou de minha madrinha...
— Mas por que é que mamãe nos mandou para a escola?
— Talvez não soubesse.
— Há de haver jantar grande...
— Com doce...
— Talvez dancemos.
Fizemos um acordo: podia ser festa, sem aniversário de ninguém. A sorte grande, por exemplo. Ocorreu-me também que podiam ser eleições. Meu padrinho era candidato a vereador; embora eu não soubesse bem o que era candidatura nem vereação, tanto ouvira falar em vitória próxima que a achei certa e ganha. Não sabia que a eleição era ao domingo, e o dia era sexta-feira. Imaginei bandas de música, vivas e palmas, e nós, meninos, pulando, rindo, comendo cocadas. Talvez houvesse espetáculo à noite; fiquei meio tonto. Tinha ido uma vez ao teatro, e voltei dormindo, mas no dia seguinte estava tão contente que morria por lá tornar, posto não houvesse entendido nada do que ouvira. Vira muita coisa, isto