e assustada; pelo amor de Deus! eu não lhe fiz mal nenhum!
Lívia acercou-se de Raquel; travou-lhe brandamente das mãos, apesar do esforço com que ela buscava esquivar-se, e disse:
— Que mal me farias tu, criança? A culpada sou eu; sou eu que te peço perdão, porque fui cruel e injusta, e cedi ao egoísmo do meu coração... Perdoa-me!
— Perdôo-lhe tudo! respondeu Raquel.
Caíram nos braços uma da outra. Jamais duas rivais se estreitaram mais sinceramente amigas do que essas duas. Largos minutos correram sem que nenhuma delas falasse; refletiam talvez, talvez não pudessem vencer o acanhamento da sua posição. Lívia foi a primeira que rompeu o silêncio:
— Como é que vieste a amá-lo? perguntou ela.
— Não sei, respondeu ingenuamente Raquel; nasceu-me o amor sem que eu reparasse nele. Nem sei se nasceria; creio que foi apenas transformação, porque eu de pequena me acostumei a admirá-lo. Foi talvez a admiração que se fez amor quando eu cresci.
— Nunca lho deste a entender?