ASECÇÃO dos Branchiopodes encerra
dous grupos differentes até no proprio
desenvolvimento — os Phyllopoda e os
Cladocera. Os ultimos animalculos, providos,
de seis pares de patas foliaceas e pertencentes
principalmente á agua doce, estão
diffundidos sob formas semellhantes por todo
o mundo, deixam o ovo com o numero de
membros completo. Os Phyllopoda, ao contrario,
cujo numero de patas varia entre 10 e
60 pares, e entre os quaes alguns certamente
vivem nos lagos de saturadas aguas salobras e
de soda, só tendo um genero divergente (Nebalia)
encontrado no mar [1], soffrem uma
metamorphose.
Meczinicokow observou recentemente o desenvolvimento de Nebalia; e concluio de suas observações que Nebalia, durante a vida embryonaria, passa pelos estados de Nauplius e Zoea que nos Decapodes occorrem parcialmente (em Peneus) no estado livre. Por isso, diz elle, eu considero Nebalia como um Decapode Phyllopodiforme.
As larvas mais novas (dos Phyllopoda) são Nauplius que nós já encontramos excepcionalmente n'alguns camarões e que, poderemos encontrar reproduzidos aqui, quasi sem excepção. Os segmentos somaticos e as patas que são, ás vezes, tão numerosas, se formam gradativamente de diante para traz, sem a indicação de quaesquer regiões do corpo, intimamente discriminadas, seja pelo tempo do seu apparecimento, seja pela sua forma. Todas as patas são construidas essencialmente do mesmo modo e, se assemelham ás maxillas dos mais elevados crustaceos. [2] Devemos considerar os Phyllopoda como Zoeas que não chegaram á formação de um abdomen ou thorax peculiarmente caracterisado e, em vez destes tem repetidamente reproduzidos os appendices que primeiro seguem os membros de Nauplius.
Dos Copepodes — alguns dos quaes, vivendo em estado livre, povoam as aguas doces e em muitissimas e variadas formas o oceano, emquanto outras, como parasitas, infestam os animaes das mais diversas classes e, frequentemente, se tornam deformados de um modo admiravel, — a historia evolutiva, como toda a sua historia natural, esteve, até pouco, em um estado não satisfactorio.
É verdade que, de ha muito nós sabemos que os Cyclopes das nossas aguas doces, foram excluidos da forma — Nauplius, e que travamos conhecimento com alguns outros dos seus estados jovens; nós aprendemos, em Nordmann, que a mesma forma primitiva pertencia a muitos crustaceos parasitas que haviam antes passado, quasi universalmente, por vermes; porém, as formas intermediarias de ligação que, nos teriam permittido referir as regiões do corpo e dos membros da larva ás do animal adulto, estavam ausentes. As comprehensiveis e cuidadosas investigações de Claus preencheram essa lacuna do nosso conhecimento e tornaram a secção dos Copepodes, uma das melhores conhecidas em toda a classe. As seguintes constatações são derivadas dos trabalhos deste habil naturalista. Da abundancia de material valioso que elles contem, eu escolho só aquelles que são indispensaveis para a comprehensão do desenvolvimento dos Crustaceos em geral, porque, no que se refere aos Copepodes especialmente, os factos já foram collocados na devida luz, pela representação dos mais recentes investigadores e devem apparecer, á quemquer que tenha os olhos abertos, como importante evidencia em favor de Darwin.[3]
- ↑ Se os Phyllopoda podessem ser considerados como os mais proximos alliados dos Trilobitas, elles forneceriam, com Lepisosteus e Polypterus, Lepidosiren e Protopterus, um outro exemplo da preservação, n'agua doce, de formas de ha muito extinctas no mar. A occurrencia das Artemiae nas aguas supersalinas, ao mesmo tempo mostraria que ellas não fugiam á destruição por meio da agua doce, mas em consequencia da menor concurrencia que ali encontravam.
- ↑ As maxillas das larvas dos Decapodes são uma especie de pata de Phyllophide.
- ↑ Anda não conheço a ultima e maior obra de Claus, mas certamente o mesmo deve ser dito della.