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SONETO.
A' Ilha da Madeira.
Do vasto Oceano flor, gentil Madeira,
Que de murta viçosa o cimo enlaças,
Sóbria a teu seio amamentando as Graças
Co'o vitreo succo da immortal[1] Parreira.
D'aquelle, que em ti viu a luz primeira,
Se acaso é crivei que inda apreço faças,
Entre o prazer das brincadoras taças,
Recolhe a minha producção rasteira.
É donativo escasso, eu bem conheço;
Mas o desejo, que acompanha a offrenda,
Lhe avulta a estima, lhe engrandece o preço.
Deixa que a roda o meu Destino prenda;
Em cessando estes males, que padeço,
Talvez então mais altos dons te renda.
- ↑ Por ser consagrada ao Deus Baccho. [N. do A.]