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SONETO.
Ao Senhor Marcos João d'Ornellas, natural da Ilha da Madeira, em cuja casa o A. recebeu a primeira educação.
Sisudo Ornellas meu, em cujos Lares
A tenra flor dos annos meus abrio,
Flor que, ao depois, do tempo a mão cobrio
De horrido lucto, e de fataes pezares;
Transpondo o espaço de alongados ares,
Leve signal de gratidão te envio,
Da minha historia o entre-cortado fio
Verás, quando este Livro folheares.
Ao ler os duros males que lastimo,
Não affogues em mar de novo pranto
Planta nutrida ao teu affago e mimo.
Vingão-me as Musas de infortunio tanto,
Affugento a Desgraça, a dôr supprimo
« Quando ao toque da Lyra a voz levanto. » [1]
- ↑ Francisco Manoel de Oliveira. [N. do A.]