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VICENTE DE CARVALHO

 — Mal me quer... Mal me quer... Desde, hontem quando
Faltaste, adivinhei tudo que a flor me diz.
Tenho-te junto a mim e fito-te chorando;
 Beijas-me ainda, e já não sou feliz.,

 Sinto que és meu, aperto-te em meus braços,
E, no pavor de um sonho angustiado e sem fim,
Ouço como um rumor fugitivo de passos
 Que te afastam de mim.

 Dize que estou sonhando, que estou louca!
Jura que sou feliz, que os teus dias são meus,
E que o beijo que ainda orvalha minha bocca
 Não é tua alma que me diz adeus.

 A amorosa doçura do teu verso
Echoou em minha alma; em teu verso aprendi
A soletrar o amor, o Amor — esse universo
 Radioso, immenso, e resumido em ti.

 A tua voz chamou-me ; eu escutei-a
E segui-a, ditosa, a sorrir e a sonhar...
Fala-me ainda de amor ! Não te cales, sereia
 Que me attrahiste para o azul do mar!