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PARCERIAS ESTRATÉGICAS - NÚMERO 17 - SETEMBRO/2003

membros discutiam fervorosamente como poderia ser um aeroplano. Enquanto isso outros inventores tentavam resolver os problemas dos grandes dirigíveis, que prometiam fornecer uma solução mais promissora para o transporte de grandes cargas do que os pequenos modelos de Santos Dumont.

O inventor brasileiro, porém, estava em plena atividade. Em 1904 foi nomeado Cavalheiro da Legião de Honra. Era o principal nome da aviação, participava de reuniões e realizava viagens. Havia sido convidado para participar de uma competição de dirigíveis em Saint Louis, nos Estados Unidos, e sua decepção foi enorme. O seu aparelho nº 7 foi destruído na noite de 27 para 28 de junho de 1904, e nunca se soube a autoria da ação criminosa. Ainda neste ano publicou o livro autobiográfico “Dans L’Air”, logo traduzido para o inglês com o título “My Airships”. Além disso, publicou artigos e deu entrevistas sobre o futuro da navegação aérea. Mas as suas atividades no campo da aeronáutica não estavam suspensas. Seguia inovando e construiu um dirigível, o de nº 13, em que acoplava um balão de ar quente a um de hidrogênio. Sua intenção era permitir longos vôos. Mas o dirigível foi destruído antes de levantar vôo. Interessado em ter uma aeronave veloz, construiu o nº 14, com um balão muito alongado, semelhante a uma lança, e chamou a atenção dos demais inventores: “Este novo dirigível é, para falar a linguagem esportiva, um racer, quer dizer, um balão de corrida onde a mais importante qualidade é a velocidade. Todas as características de sua carenagem e de seus órgãos demonstram a firme vontade de lhe dar velocidade”[1]. Logo substituiu o balão por um mais bojudo e com o seu dirigível 14 realizou impressionantes demonstrações na praia de Trouville, na costa mediterrânea.

As discussões em torno dos aparelhos mais pesados que o ar estavam dominando o cenário aeronáutico e Santos Dumont seguia com interesse. Ernst Archdeacon um dos maiores incentivadores do vôo, havia instituído um prêmio para aquele que conseguisse realizar um vôo de mais de 25m saindo de terreno plano, sem o auxílio do vento, e carregando todos os elementos necessários. Animados pelos futuros progressos que prometiam surgir em breve, o mesmo Archdeacon e Deutsch de La Meurte propunham um grande prêmio para o primeiro vôo de 1km em circuito fechado. O Aeroclube, por sua vez, instituiu um prêmio para um vôo mais longo, de 100m, realizado nas mesmas condições. As notícias dos Estados Unidos continuavam

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  1. Lt. Colonel G. Espitallier. La Nature. Le “Santos-Dumont”XIV”. 1905. N. 1687. P. 257