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Henrique Lins

aplicação prática da navegação aérea, sobretudo do ponto de vista militar. Com a finalidade de se estudar com maior aprofundamento o uso de dirigíveis em operações militares, o general designava o comandante do Batalhão Aerostático do 1º Regimento de Engenharia Militar que, junto com o subchefe do Gabinete do Ministro, iriam reunir-se com oficiais superiores para manter o Ministro a par dos resultados de uma possível colaboração.

O vôo de 14 de julho foi o ponto culminante de uma série de demonstrações públicas realizadas por Santos Dumont com o seu dirigível 9. De fato, em um curto intervalo de pouco mais de dois meses o inventor brasileiro realizou diversos vôos apreciados pelo público e documentados pela imprensa francesa e mundial. Em 21 de maio, decolando às 4 horas da tarde, evoluiu sobre o campo de Bagatelle e sobre o Pólo, executando uma série de impressionantes evoluções por duas horas. Em seguida realizou diversos vôos nos dias 29 e 30 de maio. Em 10 de junho, em novo vôo sobre Bagatelle e o Pólo, foi aplaudido por grande multidão que assistia às demonstrações. No dia seguinte realizou um projeto há muito adiado: realizar uma excursão ao hipódromo de Longchamps, onde executou manobras caprichosas e pousou “docemente” no meio de uma enorme multidão. Depois levantou vôo sem a ajuda de nenhum de seus mecânicos. Em 23 de junho paralisou Paris ao voar com o seu pequeno dirigível do Bosque de Bolonha até a avenida dos Champs-Elysées e pousou defronte do número 114, local de seu domicílio. A multidão ficou maravilhada com a demonstração e Santos Dumont, fingindo enorme naturalidade, entrou em sua residência. Depois levantou vôo sob insistentes aplausos dos espectadores, e retornou ao seu hangar em Neuilly às 7:10 horas da manhã.

Mas seus vôos continuaram, sempre conseguindo aumentar o interesse em torno de seu invento. Em 24 de junho realizou dois vôos: o primeiro, um curto vôo, levou-o ao campo de Pólo, onde se realizava uma quermesse infantil. Sua chegada despertou o interesse de todas as crianças. Na noite deste mesmo dia, com um potente farol instalado à frente da quilha, fez o primeiro vôo noturno de um dirigível. Suas experiências prosseguiram em ritmo acelerado e já no dia 28 do mesmo mês ele desceu nos terrenos de Aeroclube da França, onde estavam reunidos balonistas para um concurso de balões promovido pelo Aeroclube, e demonstrou que o seu aparelho não precisou de gás para continuar viagem. No dia 26, ele levou como passageiro o pequeno Clarkson Porter e no dia 29, após três aulas, a jovem cubana Aída

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