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SEVERINA
 

 
I

Pelas largas eharneeas, devastadas por um sol inelemente e fustigadas, no inverno, pelo rispido sudoeste que se levanta do mar em impetos tigrinos, ehega-se a Sines, uma aldeia da Extremadura, eravada na aresta do oceano, eomo uma ilhota inexplorada.

Envolve-a na sua folhagem verde-negra o amplo pinheiral, cngrandeee a eom o seu estreito abraço o magestoso oeeano e isola-a do mundo, das suas ruidosas festas e das suas interminaveis luctas, a auseneia do eaminho de ferro.

Foi em Sines que o principe D. Miguel de Bragança embareou para o exilio, d'onde seguiu, sem tornar a pizar a terra da patria, para a lugubre viagem do tumulo.

Nos longos serões do inverno, quando as ondas se erguem em promontorios, despedaçando-se de eneontro ás ribas e o vento rebenta da barra, bramindo e galopando ao longo da vasta planieie ondulante, como um ehacal esfaimado, os velhos peseadores, assentados á lareira, contam á familia, agrupada na muda attitude devota dos auditorios ingenuos, a legenda d'aquelle pobre rei