SONETOS
13
IV
Longo tempo ignorei (mas que cegueira
Me trazia este espirito enublado!)
Quem fosses tu, que andavas a meu lado,
Noite e dia, impassivel companheira...
Muitas vezes, é certo, na canceira,
No tedio extremo dum viver maguado,
Para ti levantei o olhar turbado,
Invocando-te, amiga derradeira...
Mas não te amava então nem conhecia:
Meu pensamento inerte nada lia
Sobre essa muda fronte, austera e calma.
Luz intima, afinal, alumiou-me...
Filha do mesmo pae, já sei teu nome,
Morte, irman coeterna da minha alma!