Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/196

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A mulher bonita obedece a uma lei da natureza, revelando-se na plenitude de sua graça; enfeita-se, como a flor desabrocha, como a estrela cintila, como o céu se anila. Deus criou tais primores para serem admirados.

Esta faceirice é casta, simples, sem afetação; seu desejo resume-se em ser natural, em revelar a gentileza própria no maior brilho. É a poesia de Horácio, a música de Bellini, a pintura de Rafael, copiadas no traje da mulher formosa.

A outra faceirice consiste em uma orgulhosa ostentação da beleza. A mulher não cede à força espontânea de seu organismo, mas ao estímulo da vaidade. Adorna-se como o cristal que imita o diamante, ou como a centelha que se afigura uma estrela na treva da noite. É linda, mas pretende ser esplêndida.

Esta faceirice vive da afetação, que transforma uma criatura humana em um aleijão da moda. Não se contenta com ser admirada; exige a adoração, o culto ardente de todos que a contemplam, embora tenha de pagar com