Página:Sonhos d'ouro (Volume I).djvu/232

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— Por que então não convidaste antes o Sr. Dr. Nunes para ir à Barra?

— Por quê?... repetiu Guida a sorrir. O caminho do Jardim é melhor para galopar.

— Travessa! disse D. Paulina com bondade.

— Gosta muito de andar a cavalo? perguntou o advogado.

— Muito! É minha paixão!...

Ao exíguo visconde, sumido atrás do enorme peru, não escapavam as várias impressões que se manifestavam na fisionomia do banquete, sob o ruído da conversa banal travada de uma à outra ponta da mesa, e acompanhada do tinir dos cristais e rangir dos talheres.

“O prato é o homem”; tradução livre do axioma de Brillat-Savarin: Dis-moi ce que tu manges, je te dirai ce que tu es. Diante do visconde erguia-se um coculo de iguarias; mas era um cúmulo usurário e avarento; compunha-se de uma nica de cada cousa. Servia-se do primeiro ao último dos acepipes; mas só tirava o juro: uns magros 3%.