Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/111

Wikisource, a biblioteca livre

o governo lhe concedera privilégio exclusivo para obsequiar o próximo, e ninguém podia privá-lo dessa honra.

Em sua qualidade de animal daninho tem o homem um faro para vingança. Doutro modo não se explica o que passou na cachola do Benício:

— Cá para mim é negócio decidido, respondeu impavidamente o amanuense. Esta manhã quando tive a honra de segurar o chapéu de sol para os noivos, bem me estava lembrando que amanhã tenho de visitar o meu amigo monsenhor. É bom a gente andar prevenido; e como eu é que hei de ser incumbido de arranjar os papéis na Conceição!...

— São histórias do Benício, atalhou o visconde metendo à bulha o amanuense. Que o maganão não pilha a moça, nem o dote, por essa fico eu, e se quiserem uma apostazinha...

Não obstante a confiança na sagacidade do Aljuba e sobretudo em sua avareza, que não havia de arriscar a aposta sem plena certeza de a ganhar, a balela do casamento da filha do banqueiro continuou a correr entre os convidados, e não se falava em