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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/172

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Afinal conhecendo, depois de três advertências inúteis, que perdia seu tempo, aproximou-se do piano, e abriu o livro da música sobre a estante, para evitar que a discípula tocasse de cor.

Guida levantou-se logo do tamborete; e a mestra pensando que ela cedia-lhe o lugar para vê-la tocar a peça e corrigir algum engano, sentou-se ao piano e executou, com o maior escrúpulo, a linda composição de Schubert.

Mas Guida que ela supunha à sua beira, acompanhando atenta sua lição, estava bem sentada à mesa, onde abrira a sua caixa de tintas e coloria uma aquarela, mas a seu modo, pintando a folhagem de encarnado, os bois e carneiros de verde, e a água de amarelo.

Dando a mestra por falta da discípula a seu lado, tornou à mesa para observar a pintura da moça:

What horror!... exclamou ela espantada com o disparate das cores.

— A senhora não tem bom gosto, Mrs. Trowshy, disse Guida. Não sabe apreciar a originalidade!

A inglesa disparou a rir, passando com extrema volubilidade do horror à gargalhada: