— Aqui estaremos perfeitamente, disse Nogueira sentando-se na ponta do banco e indicando a seu lado um lugar ao moço. Gosto de fumar neste canto o meu charuto depois de jantar. O barulho da fonte, misturado com o dos coqueiros, derrama uma ligeira sonolência, quanto basta para não pensar; mas não tanto, que se deixe de sentir e gozar.
Notou Ricardo que o devaneio desse espírito, como a sua amabilidade, tinham às vezes umas quinas ásperas: eram como tela de painel, que uma lasca da madeira estofa. Uma circunstância mínima lhe revelou esse traço fisiológico. O termo “barulho” para indicar o burburinho d'água, empregado por homem de tribuna e eloquente, mostrava um defeito de educação. Como sucede à maior parte dos talentos que figuram em nosso país, não tinha Nogueira o polimento literário, e embora sentisse depois de certo tempo a necessidade de dar à sua palavra certo verniz de estilo, contudo notava-se ainda muita falha, em que através da arrogância do figurão, percebia-se a crosta do filho das ervas. A palavra é para