Do céu auxílio espera,
Enquanto sem conforto, entregue à raiva,
Blasfema o ímpio contra Deus, e os homens.
Feliz quem assoberba a iníqua sorte;
E, para o consolar, acha a virtude,
Que benéfica brilha,
Como em negra soidão plácido lume
Alma esperança gera, prometendo
Asilo ao peregrino afadigado.
Feliz, feliz mil vezes, quem tranqüilo
Não ouve o apuridar da consciência,
E um só crime exprobrar-lhe!
E no leito da paz, ou na masmorra,
Não vê punhais em sonhos, nem fantasmas.
Mesmo quando os ruins dores lhe causem,
Como Guatemosino atado, e posto
Sobre estendidas, chamejantes brasas,
Com os olhos no céu, sereno exclama:
Num leito estou de rosas!
Entre afiadas rodas, açoutado
Com lâminas de ferro;
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Aspeto