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Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/191

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Como é possível descrever ao vivo
Todo o horror da montanha que vomita
Fogo, lavas, e fumo do ancho seio?
Quem pode retratar a majestade
Do vasto Coliseu, quando o argenteia
Do noctículo globo o incerto lume,

Seus raios pelas fendas enfiando?
As projetadas sombras como espectros;
Rotos muros, longuíssimas abóbadas;
Um gemido escapado de repente
Do pobre, que ante a Cruz seus males chora;
Um fúnebre arquejar de ave sinistra;
Uma voz, que além soa murmurando?
Quem narrar pode os pensamentos todos,
Que d'alma em torno em turbilhões volteiam,
Inda mais pavorosos que as ruínas?

Quem, penetrando as negras catacumbas,
Escondidas da terra nas entranhas,
Dos mártires cristãos leitos de morte,
Onde não entra o sol, nem entra a lua,
E só pequena luz, na mão do guia,
Trêmula, moribunda bruxuleia,