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Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/210

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Cada qual tem sua sorte;
Um foi para a dor gerado,
E outro pela ventura
Ao nascer foi embalado.

Quanto mais penso, mais creio
Neste mistério profundo;
E a mim mesmo então pergunto:
Para que vim eu ao mundo?

Como resposta esperando,
Escuto silencioso;
No coração, que palpita,
Murmura um som lutuoso.

Soa essa voz em meu peito
Como em caverna profunda,
Como um suspiro exalado
Pela vaga gemebunda.

Para a dor, me diz, nasceste;
Para a dor, para o tormento;
Teus males só terão termo
Co'o teu último momento.