Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/245

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Verás que o rosto meu assaz explica
O que nela se passa.

Dirás, talvez, que injusto me lastimo;
Qu'inda possuo um pai, qu'inda mãe tenho,
Qu'inda um amigo aperta-me em seus braços,
E proscrito não erro.

Mas que importa tesouros tais possua,
Se gozá-los não posso? Se na ausência,
Da saudade o farpão continuamente
O peito me trespassa?

De gota em gota o matutino rócio
Enche, e pende do lírio o débil cálix,
Que oprimido co'o peso se lacera,
Desbota, e alfim falece.

Uma gota após outra um lago forma,
Novas gotas de chuva o lago aumentam,
Transborda enfim, e dá a um rio origem,
Que nas planícies rola.