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Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/304

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Mil vezes, mas embalde,
Nas cavernas do mar caiu gemendo.
Á voz do Eterno obediente a terra
Se mostra austera e parca,
Que a lágrima do escravo esteriliza
O terreno que orvalha.
A Natureza preza a Liberdade,
E só franqueia aos livres seus tesouros.

Oh suspirada, oh cara Liberdade,
Descende asinha do Africano à choça,
Seu pranto enxuga, quebra-lhe as cadeias,
E adoça-lhe da pátria a dor saudosa.

Oh palavras! oh língua! quão sois fracas,
Para d'alma narrar os sentimentos!
Oh saudade, aflição dura e suave!
Oh saudade, que o rosto me descoras,
Saudade, que me apertas, que nos lábios
Decas-me o almo riso,
E o pensamento meu absorves todo,
Como uma esponja o líquido, e o repartes
Co'o passado, o presente, e co'o futuro.