Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/31

Wikisource, a biblioteca livre
SUSPIROS POETICOS
21

Sim, esta voz do peito meu se exhala!
Esta voz é minha alma que se espraia,
É minha alma que geme, e que murmura,
Como um orgam no templo solitario;
Minha alma, que o infinito só procura,
E em suspiros de amor a seu Deos se ala.

Como surdo até hoje
Fui eu á tão angélica harmonia?
Porventura minha alma muda esteve?
Ou foram porventura meus ouvidos
Até hoje rebeldes?
Perdoa-me, oh meu Deos, eu não sabía!
Eram Anjos do céo que lhe inspiravam,
E outras vozes meus labios modulavam.

Castas Virgens da Grécia,
Que os sacros bosques habitais do Pindo!
Oh Numes tão fagueiros,
Que o berço me embalastes
Com risos lisonjeiros,
Assas a infancia minha fascinastes.
Guardai os louros vossos,