Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/67

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Mas, oh homem, que ousado intento é este?
Erguer um templo a Deus!... Que! porventura
Templo o espaço não é digno do Eterno?
As montanhas, o mar, os céus, os astros
Assaz não ornam do Senhor o templo?
Ou temes que em tão vasto santuário,
Nesse profundo abismo do infinito,
Vê-lo teus olhos míopes não possam?
Como possível é que espaço estreito
Abranja o Criador, que enche o Universo?
Mas pagas um tributo; — Ele to aceita.

Obreiro do Senhor, eia, trabalha,
Sem descanso trabalha dia, e noite;
Que teu Deus não repousa um só instante,
Para a ordem manter de tantos mundos.
Ah se ele um só minuto, repousasse,
Que seria de ti, deste Universo?

Alfim teu templo ergueste; reuniste
Tudo que há de mais belo sobre a terra,
E sec'los no trabalho se passaram!
Tudo aqui fala, tudo aqui revela