— Então, matas por dinheiro? perguntou Berta com a veemência do horror, que lhe causava essa torpe exploração do crime.
— É meu ofício! disse Jão Fera com uma voz calma, ainda que grave e triste.
— E não te envergonhas?
Com um assomo de soberba indignação foram proferidas estas palavras pela menina cujo olhar vibrante flagelava as faces do sicário. Este erguera a fronte num ímpeto de revolta, pungidos os brios pela humilhação:
— Envergonhar-me de quê? Não feri, nunca feri homem algum de emboscada, às ocultas, a meu salvo. Ataco de frente, a peito descoberto. Se mato é porque sou mais valente e mais forte; mas arrisco minha vida, e umas quantas vezes, bem