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Página:Triste fim de Polycarpo Quaresma.djvu/16

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chapéo de sól, com a haste inteiramente de madeira, e um cabo de volta, incrustado de pequenos losangos de madrepérola — e respondeu:

— Mas você está muito enganada, mana. E’ preconceito suppor-se que todo o homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuina expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ella pede. Nós é que temos abandonado o genero, mas elle já esteve em honra, em Lisboa, no seculo passado, com o padre Caldas, que teve um auditorio de fidalgas. Beckford, um inglez notável, muito o elogia.

— Mas isso foi em outro tempo; agora...

— Que tem isso, Adelaide? Convém que nós não deixemos morrer as nossas tradições, os usos genuinamente nacionaes...

— Bem, Polycarpo, eu não quero contrariar você; continue lá com as suas manias.

O major entrou para um aposento proximo, emquanto sua irmã seguia em direitura ao interior da casa. Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa, veiu para a bibliotheca, sentou-se a uma cadeira de balanço, descançando.

Estava num aposento vasto, com janellas para uma rua lateraf, e todo elle era forrado de estantes de ferro. Havia perto de dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo. Quem examinasse vagarosamente aquella grande collecção de livros havia de espantar-se ao perceber o espirito que presidia a sua reunião.

Na ficção, havia unicamente autores nacionaes ou tidos como taes: o Bento Teixeira, da Prosopopéa; o Gregorio de Mattos, o Basilio da Gama, o Santa Rita de Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. Podia-se afiançar que nem um dos autores nacionaes ou nacionalizados de oitenta p’ra lá faltava nas estantes do Major.