lhe oferecia - levou-o, porém, à boca, com repugnância e, como para livrar-se mais depressa daquele asco, virou-o e um trago.
O luar subia docemente, branqueando a latada. Um violão gemia perto e Mamede, romântico, enlevado naquela luz visitadora que lhe entrava pela casa, não permitiu que Ritinha acendesse o lampião, e, fora, ao alvor, ficaram conversando: a mulatinha a falar do seu Norte, a recordar as noites poéticas no Cabedelo, entre os coqueirais ou na roda sombria das ramas das gameleiras; Mamede, recordando os dias heróicos, as suas bravuras no Sul e os feitos do major; Paulo, a ouvir, num enternecimento mole, entre os filtros da lua e do perfume da Ritinha que, já íntima, roçava por ele, como a oferecer-se.
Ela não bebia, mas ia servindo cálices sobre cálices, e o estudante não se sentia com ânimo de os recusar até que o mulato, sem dizer palavra, saltou na sala, mergulhou no corredor e, pouco depois, sons trêmulos vieram do fundo da casa e ele apareceu experimentando o violão.
Sentou-se no batente da porta, picando as cordas, apertando as cravelhas; depois, esticando uma perna, pigarreou e, com os olhos no céu, numa voz afinada, pôs-se a cantar uma modinha. A mulata encostou-se ao umbral, com a cabeça para trás, pensativa; Paulo, cabisbaixo, ouvia.
Grilos guizalhavam e, mais longe, como se o misticismo da noite meiga influísse em todos os