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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/198

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lhe falasse da carta, pôs-se imediatamente à sua disposição.

— Vosmecê quer esperar a resposta aqui ou na cidade?

— Como quiseres.

— Aqui é melhor.

— Pois sim.

— Eu vou num pulo. - Vestiu-se às pressas e pronto, com um bengalão debaixo do braço, despediu-se, dizendo, a rir: Eu sei que vamos ter cena; aquilo é agarrado que nem ostra, mas manda, para vosmecê ele manda, afirmou convencido, a enrolar um cigarro. Então até já, nhozinho.

— Até já, Mamede.

Deixou-se ficar a um canto, e, vendo um velho almanaque em cima da mesa, tomou-o, pôs-se a folhear as páginas amarelecidas e rotas, procurando anedotas. As lavadeiras, em zaragalhada, chalravam, cantavam, batiam a roupa, ao sol; pequenos, em fraldas de camisa, empinavam papagaios. Na casa contígua uma máquina de costura estrepitava e a voz rouca de um homem cantarolava amores. Ritinha, que não aparecera, pouco depois do mulato haver saído, perguntou do fundo da casa:

— Quer uma xícara de café?

Paulo estremeceu ao ouvir-lhe a voz e, sorrindo, respondeu vagaroso:

— Não sou pobre soberbo.

E, entre os dois, com a cortina de permeio, travou-se um curto diálogo.