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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/211

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contava levar todo o dinheiro de que careço. Nem chega para te pagar. Tem paciência até o princípio do mês, quando eu receber do Tesouro.

— Não faz mal, minh'ama: eu tendo para o meu fumo...

— Agora se precisas de alguma coisa...?

— Não, senhora; eu vou-me arranjando. Quando vosmecê receber.

— Pois sim. O que eu quero é ficar livre daquele homem. Não sei dever, não está em mim: fico que só Deus sabe. E Paulo não se emprega. Não sei que há de ser de nós. Amanhã, bem cedo, hás de levar o dinheiro à senhoria.

— Sim, senhora. Mas vosmecê não se amofine, minh'ama; Deus é muito grande!

— E Paulo? Onde andará? Pois então aquele menino não sabe que sou doente? Como é que sai assim sem dizer uma palavra? Isto até parece castigo de Deus. Pois eu nunca fiz mal a ninguém...

— Não é só minh'ama que sofre.

— Ora o quê? mas como eu tenho sofrido, Felícia?!

— Deus é grande! Mais tem ele pra dar, minh'ama.

Quando chegaram a casa a vizinha, que cantarolava à janela, disse "que o moço estivera ali muito tempo, batendo". As duas mulheres ficaram perplexas.