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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/215

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Soprou uma baforada e, vendo a mãe curvar-se a esfregar a perna, gemendo, quis saber se estava sentindo alguma coisa.

— Tenho sofrido muito nestes últimos dias. É da umidade... e hoje andei tanto!

— Eu também não tenho passado bem: dores de cabeça, fastio... É fadiga. Também, com a vida que levo não é para admirar: não paro.

— É, precisas ficar um dia em casa descansando.

— Pudesse eu! - suspirou encaminhando-se para o quarto. - Mamãe pode arranjar-me uma xícara de café?

— Sim.

A velha levantou-se pesadamente e foi devagar, claudicando, a amparar-se pelas paredes do corredor. Paulo entrou no quarto, deu mais luz ao gás e sentou-se à beira da cama, esfregando as mãos. Esteve algum tempo a sorrir seguindo um sonho. De repente levantou-se, ficou junto à mesa, a olhar a pasta de oleado que rebrilhava. Tomou o colete, o casaco e pôs-se a esvaziar os bolsos tirando cédulas amarfanhadas, em bolos.

Para não ser surpreendido fechou a porta à chave e tirou das algibeiras das calças dois gordos maços de notas, abriu-os, pôs-se a contá-los: achou seiscentos e vinte mil-réis. Separou cento e cinqüenta, embrulhou-os cuidadosamente com a cautela do broche e deixou-os na gaveta. Depois de guardar o resto do dinheiro sentou-se na cadeira