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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/223

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conhecidos. Eu mesma, o senhor vê? eu mesma não procuro ninguém, meto-me no meu canto, curtindo calada os meus desgostos. Deixe lá, compadre! - suspirou enclavinhando as mãos.

Paulo mal distinguia os dois vultos como sombras levemente esfumadas numa tela. Rilhava os dentes. O seu desejo era escancarar a porta, entrar arrebatadamente na sala, atirar-se ao velho às bofetadas.

Parecia um senhor a repreender uma escrava. Revoltava-se contra a paciência humilde de Dona Júlia. Devia ser mais enérgica, devia repelir o idiota. Repentinamente o coração bateu-lhe com força. Chegou-se mais à porta: a velha rejeitava o dinheiro que o compadre oferecia.

— Não, obrigada. Sempre é uma dívida e eu agora não sei quando poderei pagar. Ele arranjou. Fez-se silêncio. Orgulho? Pobre de mim! Se eu dantes não tinha, quanto mais agora. Arranjou, palavra!

— Então... resmungou o velho.

E Paulo, satisfeito, ria acenando de cabeça, a aplaudir. Endireitou-se, de mãos nos rins, cansado da posição que mantivera. Sentou-se a mesa com muito cuidado e, tomando o lápis, recomeçou os cálculos pensando em números da roleta.

Longe, a sereia de um paquete reboava soturna. Ficou a encher de somas as folhas de papel rabiscadas até que ouviu a porta da rua guinchar e a voz do Fábio, a despedir-