passa tanta gente! Quem foi não é daqui, vosmecê há de ver.
Paulo encarava-a desconfiado, como se a suspeitasse de conivência no caso. Por fim, resolvendo-se, caminhou alguns passos, mas, voltando-se, pediu à mãe que se recolhesse, que se fosse deitar: Estava doente, não devia ficar ali fora exposta ao frio - podia ter alguma coisa séria. A polícia havia de descobrir o raptor. E insistiu: Que ele bem dizia: tantas vontades haviam de dar naquilo. Violante fazia o que entendia e, se ele falava, ai! porque era impertinente, grosseiro e mais isto e mais aquilo. Ali estava o resultado. Pensou rapidamente no escândalo - nos comentários da vizinhança, nos risinhos dos colegas, nas alusões dos companheiros de trabalho.
— Vai, então, meu filho: tem paciência. Vai ver se ainda podes salvar aquela infeliz. E que Deus te acompanhe. Nunca pensei que Violante fosse capaz de fazer isto comigo. Nunca pensei!
— Bem, mamãe. a senhora não consegue nada com lágrimas; vá deitar-se. Eu vou à polícia.
E baixinho, à negra, com voz trêmula, recomendou:
— Não a deixes, Felícia; tem paciência. Ela está doente, pode ter alguma coisa séria com este choque.
— Vosmecê pode ir descansado.
— Até já, mamãe: e vá deitar-se.