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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/280

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Quando ela o visse com dinheiro não relutaria. Repôs os maços na gaveta, bem acamados, deu volta à chave, deitou-se, soprou a vela e, na escuridão silenciosa, ainda pensou na fortuna, em amores, no futuro que se anunciava propício.

Já as carroças rodavam pesadamente quando adormeceu ouvindo o rumor grave, soturno das ondas aos rebolões na praia.

Acordou tarde e logo, deixando o gozo macio, a preguiçosa moleza tépida da cama, pôs-se de pé, com pressa e dirigiu-se ao banheiro. Dona Júlia falava à Felícia aconselhando-a e, quando ele reapareceu, esfregando a cabeça, a reclamar a café, ela disse-lhe que a negra se havia despedido.

— Por quê? Deve-se-lhe alguma coisa?

— Só as dias que estão correndo. Mas não é por dinheiro: Felícia está com a cabeça virada, vê coisas... Andou toda a noite pela casa resmungando. Diz que é o filho. Desde que viemos para aqui é isto. Não pode ver o mar. Se vai à rua fica um tempo enorme, às vezes volta sem as compras, perde o dinheiro. Tenho pena, coitada! mas o melhor é deixá-la ir.

— E quem há de fazer o serviço? Ela que fique até eu arranjar outra. Ponho hoje um anúncio. Mas quem sabe se não é bebida, mamãe?

— Ela não bebe. Está assim por causa do