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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/309

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faço um sacrifício e vou assim mesmo para a cozinha.

Rapidamente a negra levou as mãos aos olhos e, atirando-se de joelhos junto à cama, rompeu a chorar.

— Que foi que eu fiz, sinhá? Que foi que eu fiz? Eu não estou quieta no meu serviço? Por que é que vão mexer comigo? Eu não faço mal a ninguém... Coitada de mim!

— Mas ninguém mexeu contigo. Tu é que andas a fazer criançadas, não tens pena de mim que sou tão tua amiga.

— Então eu não quero bem a vosmecê?

— Não parece.

— Eu já abandonei vosmecê?

— Não; mas agora não pareces a mesma Felícia.

— É, vosmecê fala assim... Quem ouvir há de pensar que eu sou exigente, que peço mundos e fundos. Que é que eu peço? Porque falo com meu filho? Então não sou mãe?

Levantou-se de salto, escancarou a porta do quarto, mostrou a cozinha:

— Ele vai para lá, fica comigo, eu converso com ele. Que é que tem? faz mal? Vosmecê não fica até tarde esperando nhonhô? Nhá Violante não esteve ontem aqui? Então eu não vejo? Eu estou calada, estou quieta, mas vejo tudo. Vosmecê é mãe, eu também sou. A dor que vosmecê sentiu eu também senti. O leite é da mesma cor: por ser preta não sinto menos, sinhá.

Ficou a encará-la, com uma expressão dolorosa