— Seu nome?
— Paulo Jove.
— E ela, a moça?
— Violante.
— Quantos anos?
— Dezoito.
— Dezoito?
— Sim, senhor.
O delegado ia garatujando em uma folha de papel; deteve-se e, sem levantar a pena, murmurou:
— Traços.
— Como?
Ele repetiu devagar, insistindo:
— Traços.
— Ah! - E Paulo foi dizendo a altura da irmã, a graça do seu corpo flexível, a cor alambreada da sua pele flexível, a abundância ondulante dos seus cabelos negros, o carmim dos seus lábios polpudos, o negror das suas pupilas árdegas, a alvura dos seus pequeninos dentes, a languidez do seu andar preguiçoso, o encanto da sua voz dengosa.
— Bem: vou mandar ver. O senhor não procurou o delegado da sua circunscrição?
— Não, senhor; vim diretamente aqui. Mas se o sr. doutor acha necessário...
Sem responder, o delegado arrepanhou o robe de chambre e, com o papel na mão, pôs-se de pé.
— Tem pai?
— Não, senhor: morreu - era major de cavalaria.