estar esperando e quando vem a comida é um nadinha, no fundo do prato; é preciso a gente ter boa vista para enxergar um bife. Não há como a nossa mesa, deixe falar. Isso de francês pode ser muito bonito, mas ninguém come com os olhos. A moda é para a roupa, agora para o que diz com a barriga prefiro os costumes da nossa terra.
— Pois eu não.
— Ah! vosmecê é moço elegante.
A vizinha pensava como Mamede. "Nada de luxos. Comer é comer. Isso de pasteizinhos, saladinhas, não era com ela."
Escurecia. Mamede acendeu o gás. Só, então, lembraram-se da finada. Paulo propôs que o café fosse tomado na sala para que o corpo não ficasse sozinho. Ritinha, a pretexto de medo, pediu à vizinha que a acompanhasse.
— Não sou medrosa, mas hoje não que tenho - estou só vendo coisas, só ouvindo estalos. Parece que vou encontrar a maluca lá perto do fogão resmungando.
— Pois eu fico com a senhora.
— É favor. - E foram as duas para a cozinha.
Violante chegou às nove horas da noite, de carro. Ao entrar, vendo o cadáver hirto, de negro, as mãos enclavinhadas ao peito entre as quatro velas, ficou atarantada, a olhar para um e para outro. De repente, com um grito, arremessou-se para o corpo e derrubada sobre o peito, já rígido,