velho; entre nós deve haver franqueza. Eu posso passar algum.
— Que é isso, nhozinho! Então eu vou receber dinheiro de vosmecê?! Isso não! não senhor!
— Tu precisas, Mamede.
— Ora quê! Dinheiro arranja-se.
— Qual arranja-se, - insistiu o rapaz, tirando do bolso algumas notas amarfanhadas.
O mulato sorria, meio vexado; e a voz fresca de Ritinha recomeçou languidamente a modinha sertaneja. O estudante dobrou uma nota e meteu-a, à força, na mão calosa do mulato, que recuava, sorrindo.
— Que é isso nhozinho! Tenha paciência, isso não.
— Ora... - Afastou-se e, voltando-se da cancela, recomendou: E trabalha! Vamos ver se conseguimos descobrir o miserável.
— Não há dúvida. Eu saio já; é só o tempo de botar alguma coisa na boca.
Paulo acenou um adeus, e o mulato, agarrado à cerca, sorrindo, inclinou-se, recomendando:
— Lembranças, nhozinho.
Descendo, sempre alvejado pelos olhares curiosos da gente da estalagem, o estudante sentia-se vexado. Dir-se-ia que aquele povo simples, olhando-o e cochichando, comentava, como se o conhecesse, o segredo que ali o levara. Precipitou os passos e, achando-se na rua, atirou-se a um bonde que passava sem saber ao certo o rumo que devia seguir.