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Sempre que me vires
Em mim te remires,
Quando me não vires
Contra mim suspires.

Cada vez mais rápida girava a grande ronda, com pulos enormes, que atiravam as fraldas brancas pela cabeça, misturavam as grenhas, faziam entrechocar no ar as vassouras e rocas. Já de entre a turba, que olhava em volta, partiam grandes brados. Aqui e além um braço erguia-se, sacudindo furiosamente uma tocha. Pulos furiosos mostravam uma saia esvoaçando no ar. Havia uivos de lobisomens. E entre as pernas de Cristóvão, aterrado, grandes figuras, como cães, fugiam com as mãos galopando na terra. Mas mais alta que todos os clamores, uma buzina de corno ressoou. Então houve um silêncio tão grande, que se sentia as folhas mover-se ao vento lento da noite.

De novo a grande velha estava diante da tripeça, agitando a sua grande vassoura. E, lentamente, baixo, numa súplica humilde, começou:

Eu te encanto e recanto
E ainda te sobrecanto,
E por um sino-saimão
Metido num coração,
E por fel d’excomungado,